“Vem participar da alegria do teu Senhor!” (Mt 25, 21b).
33º Domingo Tempo Comum Ano A: Pr 31, 10-31; Sl 128; 1Ts 5,1-6; Mt 25,14-39.
Bem-vindos irmãos e irmãs, para juntos escutarmos a Palavra do Senhor, preparando-nos para celebrar a Liturgia, “cume e fonte de toda a vida cristã”.
A escuta da Palavra do Senhor é antecedida pela Oração da Coleta, que coloca a assembleia litúrgica disponível à ação de Deus: “Senhor nosso Deus, fazei que nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos alegria completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas’.
Estamos lendo no Evangelho de Mateus o sermão escatológico. Jesus conta mais uma parábola para nos revelar como podemos participar da ‘alegria do Senhor’. A resposta é a vigilância amorosa para a vinda do Senhor. Duas atitudes são perigosas: a distração e o medo. O Evangelho nos aponta uma espera com amor, que torna serviço operoso e alegre, como pedimos no Oração, ‘servir de todo o coração’.
Nossa existência é modelada pela relação de confiança que tecemos com Deus. A nossa fé, que vai sendo iluminada e amadurecida, nos revela que, tudo o que somos e temos, recebemos do Senhor. Portanto, nossa felicidade e plena realização, se dá no cultivo e na fecunda relação com Deus: “Feliz és tu, se temes o Senhor e trilhas seus caminhos” (Sl 127,1).
O Evangelho deste domingo destaca a imagem do “servo bom e fiel”. Bondade e fidelidade apontam, em primeiro lugar para Deus: “Ninguém é bom a não ser Deus” (Mc 10,18). A bondade de Deus é revelada no Filho que “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). A vida e missão de Jesus é sintetizada na última ceia, quando João descreve: “Tendo amado o seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1), e começa a lavar os pés dos discípulos. Jesus como mestre e senhor, explica o gesto, que se torna um convite a participarmos desta alegria divina e humana: “Se compreenderdes isso e o praticardes, sereis felizes” (Jo 13,17). Jesus revela para nós que o amor é serviço, e praticá-lo é fonte de felicidade.
A parábola também nos alerta para o perigo da frustração, quando desconfiamos de Deus, do seu amor, da sua bondade, e por isso ficamos paralisados, escondidos e escondemos o que Deus nos deu: “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gn 3,10). Modelados pela mão de Deus e portando o sopro do seu Espírito, mesmo assim podemos desconfiar e nos esconder e enterrar o talento. Portanto, ficamos paralisados na nossa capacidade de amar e servir, ‘enterrando o talento’ que Deus nos confiou.
Neste domingo, celebramos o VII Dia Mundial dos pobres com o lema: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Um chamado a contemplar com os olhos de Deus as realidades de sofrimento e pobreza, deixando nossa existência e missão ser permeadas pela misericórdia, que se faz serviço operoso.
No Ofertório, com o pão e o vinho colocados no Altar, vamos rezar: “Senhor nosso Deus, que a oferenda colocada sobre o vosso olhar nos alcance a graça de vos servir e a recompensa de uma eternidade feliz” (Oração sobre as oferendas). A Liturgia deste domingo, portanto, a contemplar o amor eterno de Deus, ao qual somos chamados a participar e frutificar.
Deus vos abençoe e permaneçamos perseverantes na “vinha do Senhor”.
+ Dom Carlos Romulo – Bispo Diocesano de Montenegro
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